O estudante Willian Souza Santana, 24 anos, é o rapaz que aparece acompanhando o adolescente Railan da Silva Santana, 17, na portaria principal da Faculdade Área1, na Paralela, na manhã de terça-feira (21). O comparsa do garoto se apresentou, acompanhado do advogado, no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na manhã desta sexta-feira (24). Willian e Railan eram primos.
Apontado como mentor intelectual do assalto ao policial militar Jorge Figueiredo Miranda, 30, Willian cursa o sétimo semestre de Direito da faculdade Ruy Barbosa, cujo prédio fica localizado ao lado da Área1, onde ocorreu a ação. Segundo a delegada Andréa Ribeiro, titular em exercício da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico), Willian teria um chassi de uma motocicleta do mesmo modelo da do PM, uma CB-600F, Hornet, de cor branca. A dupla pretendia roubar a moto para desmanche.
Ainda segundo a delegada, informações colhidas no depoimento prestado pelas famílias dos rapazes, a arma utilizada por Railan para cometer o assalto, um revólver calibre 38, com a numeração raspada, já encaminhado à perícia do Departamento de Polícia Técnica (DPT), pertencia a Willian. A polícia acredita que Willian tenha premeditado o assalto e orientado Railan a executar, por se tratar de um adolescente.
De acordo com a delegada, Willian foi identificado pela polícia depois que familiares o reconheceram nas imagens divulgadas à imprensa, pelo DHPP. As investigações apontam William como reincidente na prática de roubo de motocicletas, apesar dele não ter passagem policial registrada em delegacia. Segundo a delegada, há informações de que Willian é suspeito de envolvimento em outros assaltos praticados na companhia do primo Raimar Santana Souza, assassinado em abril deste ano, no bairro de Itapuã, e de um homem conhecido por “Tchê”, que também já morreu.
POLICIAL MILITAR
Vítima do assalto praticado por Railan e autor dos disparos que atingiram o adolescente, o policial militar Jorge Figueiredo Miranda se apresentou, acompanhado de um advogado, no DHPP, no início da noite da quinta-feira (23). Lotado na 41ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Federação), Jorge cursava Engenharia Civil, na Área1.
Interrogado pela delegada Andréa Ribeiro, o policial confessa ter atirado em Railan depois que o adolescente tentou roubar sua motocicleta. Segundo Jorge, ele também reagiu à ação porque foi questionado pelo adolescente sobre sua profissão. Railan perguntou se ele era policial, afirmando que o mataria caso fosse.
Depois da ação no estacionamento da faculdade, Railan teria se escondido em um dos banheiros da instituição, localizado no subsolo, momento em que se deparou com o PM tentando sair da faculdade. De acordo com Jorge, o adolescente disparou vários tiros contra ele, que revidou. Ele alega ter deflagrado mais um tiro contra Railan, e só ter tomado conhecimento da morte do garoto através das notícias divulgadas pela imprensa.
Policial militar há cinco anos, Jorge disse que pediu a uma empregada da Área1 para chamar uma guarnição policial e relatar toda a ação, mas não esperou a chegada dos PMs, pois estava muito nervoso com o ocorrido. A arma utilizada por ele, uma pistola 380, foi apresentada no DHPP e encaminhada à perícia.
Segundo a delegada Tamara Ladeia, que preside o inquérito, 14 pessoas já foram ouvidas sobre o caso. A polícia aguarda o resultado dos laudos periciais para esclarecer totalmente o ocorrido e concluir as investigações.
FONTE: SSP/BA