Quatro homens foram baleados em confronto com policiais militares em Salvador, na manhã desta segunda-feira (9), entre os bairros de Águas Claras e Cajazeiras. Dois deles não resistiram aos ferimentos e os outros dois estão sob custódia, em uma unidade médica. Não há detalhes sobre o hospital em que os suspeitos estão, nem os estados de saúde deles. Segundo o coronel Paulo Coutinho, comandante-geral da Polícia Militar, os quatro possuem relação com a morte do soldado Alexandre Menezes, que foi assassinado enquanto trabalhava, na noite de sábado (7). O comandante-geral da PM disse também que outros envolvidos no crime também estão sendo procurados e devem ser presos ainda nesta segunda.
“Todo o efetivo da Polícia Militar está envolvido nesta operação, por determinação nossa [Comando Geral da PM] e do governador do estado, para que a gente mostre de forma bem clara que eles atentaram contra o Estado da Bahia, e nós não vamos permitir que isso aconteça”.
Outros dois policiais foram mortos na região da Fazenda Grande I, enquanto voltavam do velório de Alexandre. Ainda não há detalhes sobre as circunstâncias do crime, que aconteceu no domingo. Depois dessas mortes, boatos de um toque de recolher correram na região. Apesar disso, o comércio, as escolas e o transporte público funcionam normalmente.
“A Polícia Militar estará presente para dar segurança à população. Em nenhum momento nós permitiremos atitudes dessa natureza”, reforçou o coronel Coutinho.
Governador promete agir com força
Também na manhã desta segunda-feira, o governador da Bahia, Rui Costa comentou a situação. Ele disse que autorizou o uso de força máxima da segurança pública para prender os suspeitos dos crimes. Em declaração destinada à tropa de policiais, Rui disse que é preciso agir com força, mas pediu profissionalismo.
"Toda operação já acontecendo desde ontem (8). Estamos com policiamento na área. Toda a determinação já foi dada para uso de todos recursos militares especializados. Eu ressalto aqui a mensagem para nossa Polícia Militar: precisamos e vamos agir com força, mas profissionalismo para que os responsáveis por isso sejam capturados", disse.
"É preciso muito sangue frio e muito profissionalismo na captura desses criminosos e a determinação já foi feita".
Assim como o comandante-geral da PM afirmou, Rui Costa reiterou que recursos especializados serão utilizados na ação de buscas para encontrar os suspeitos. Ele destacou o poder de fogo dos suspeitos, com armamentos pesados.
"Todo recurso disponível da Polícia Militar e da Polícia Civil está sendo usado desde ontem e em breve apresentaremos a captura desses criminosos e dos armamentos, porque as mortes foram realizadas com tiro de fuzil, o que mostra, infelizmente, o poder de fogo desses criminosos", disse o governador.
Fim de semana violento para PMs
Três policiais militares foram mortos entre as noites de sábado (7) e domingo (8), em Salvador. Outros dois foram baleados neste mesmo período. Por causa disso, o policiamento foi reforçado em áreas críticas da capital, como Águas Claras, Cajazeiras e Fazenda Grande. O primeiro caso aconteceu no final do sábado. O soldado Alexandre Menezes morreu após ser baleado na cabeça, na Rua Ulisses Guimarães, em Águas Claras. Ele estava em serviço com companheiros e o grupo fazia ronda no local.
Ao chegar na via, os militares trocaram tiros com homens armados, que conseguiram fugir. O soldado foi socorrido pela própria equipe e levado para o Hospital Professor Eládio Lasserre (HPEL). Por causa da gravidade dos ferimentos, ele foi transferido para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Um outro soldado, que estava na mesma viatura, foi baleado de raspão na orelha. Ele passou por atendimento médico, mas não precisou ser internado. O soldado Menezes era lotado na 3ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) de Cajazeiras.
O corpo dele foi sepultado no domingo, no Cemitério da Baixa de Quintas. Dois companheiros de farda de Alexandre, Vitor Vieira Ferreira Cruz e Shanderson Lopes Ferreira foram mortos após sair do velório. A dupla estava à paisana. Moradores da região chamaram a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que prestou atendimento e socorreu os dois PMs para o Hospital Municipal de Salvador, porém, eles não resistiram aos ferimentos.
Já fora da região Águas Claras, Cajazeiras e Fazenda Grande, um outro policial militar foi baleado no final da noite de domingo (8), na região da Lagoa do Abaeté, em Itapuã. O sub-tenente foi atingido na perna. O policial foi socorrido por equipes da própria PM e levado para o Hospital Geral Menandro de Faria (HGMF). Ele foi regulado para um hospital especializado em traumatologia e ortopedia, porque fraturou o fêmur com o disparo.
Crimes não têm relação, avalia PM
Segundo o tenente-coronel Wellington Morais, que é sub-comandante de policiamento regional da área, o crime contra os dois policiais que voltavam do enterro não possui relação com a morte de Alexandre. A Polícia Civil, que investiga o caso, ainda não confirmou essa informação.
“São fatos distintos. O primeiro fato, os policiais estavam de serviço e foram atingidos. Um policial infelizmente veio a óbito e o outro foi atingido na orelha. Graças a Deus está fora de perigo. A outra situação foi com dois policiais militares, que estavam à paisana e nós estamos com esforços para saber qual foi a motivação desse fato”, detalhou o tenente-coronel.
“Foi um dia muito doloroso, principalmente para a mãe, que teve seu filho assassinado de forma covarde por esses meliantes, e não vai ficar assim. Vamos com força total para capturá-los, caso eles não resistam à prisão”.
No entanto, o sub-comandante chamou a atenção para o caso de que todas as três mortes podem ter sido provocadas por traficantes de drogas.
“A criminalidade não é só na Bahia, é em todo o Brasil. Nós estamos em um país em que as pessoas estão sem se alimentar, em estado de fome. Além disso, há o desemprego que assola o país. Por outro lado, nós temos o tráfico de drogas, que está sendo rentável. A população está nos ajudando com as informações pertinentes ao tráfico, com elementos brigando por territorialidade, brigando por espaço e fortemente armados”.
Na região onde os policiais foram mortos, o policiamento foi reforçado. O comércio, as escolas e o transporte público funcionam normalmente.
“Nós estamos fazendo o patrulhamento da região de Águas Claras, que é uma localidade conflagrada pelo tráfico. Isso já pontuado com diversas operações que nós estamos fazendo, é uma pauta da gestão do comandante-geral, o coronel Paulo Coutinho. São as operações de enfrentamento e combate principalmente ao tráfico de drogas”.
O tenente-coronel também destacou que a família dos militares mortos estão sendo amparadas pela corporação, além dos policiais que também estavam na viatura com o soldado Alexandre Menezes.
FONTE: G1
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